
Com uma trajetória que se aproxima das três décadas, a banda Planta & Raiz segue como um dos pilares do reggae nacional. Celebrando essa longevidade, o grupo lança seu novo álbum de estúdio, “A Flor de Fogo”. Em uma conversa exclusiva, o vocalista Zeider Pires falou sobre a inspiração por trás do novo trabalho, a importância de revisitar canções em novos formatos, a evolução do reggae no Brasil e os próximos passos da banda. Confira a entrevista completa.
O novo álbum se chama “A Flor de Fogo”, um nome poético e forte. Como surgiu essa escolha e o que ele representa para a banda neste momento?
Zeider Pires: Esse é o nome de uma canção que faz parte do disco. A ideia veio das minhas leituras. Eu li algo sobre a Flor de Fogo, que representa o poder da criação, a criatividade e a inspiração. A partir dessa ideia, criei a música com o pensamento de “sermos uma flor de fogo na vida de alguém”, sabe? Alguém que inspira e traz essa força de criar, que é também o poder de Deus que existe dentro de nós. É muita onda, mas é mais ou menos por aí.
De que forma este álbum resume a longa trajetória do Planta & Raiz?
Zeider Pires: Na minha opinião, é um álbum que vem de um jeito bem simples na execução e na produção, mas, ao mesmo tempo, ele traz muito da nossa bagagem. Isso está impresso nos arranjos, nas harmonias, nas melodias e até nas letras. Tudo isso é decorrência da nossa longevidade, são mil anos fazendo música, mil anos tocando junto. É aquilo, né? Quanto mais a gente exercita o nosso dom, mais a gente lapida, mais confortável e melhor vai ficando. Esse álbum reflete muito tudo isso.
As letras de vocês sempre trazem reflexões sobre cotidiano, fé e esperança. Como vocês mantêm essa essência?
Zeider Pires: Como pessoas do reggae, que vêm fazendo isso desde o começo da caminhada, nós assimilamos muito bem que o ser humano precisa despertar para essas coisas: para a natureza, para as vivências do cotidiano, para essas faíscas e centelhas de Deus que a gente vive. Então, para nós, é supernatural trocar essas ideias e vivenciar isso todos os dias em nossa caminhada.
O primeiro single do álbum foi “Não Chore”. Por que essa música foi escolhida para abrir os trabalhos?
Zeider Pires: Essa história vem conectada com o álbum “Ao Vivo em Noronha”, que gravamos no final de 2023. Lançamos oito músicas inéditas nesse disco ao vivo, e agora trouxemos essas oito para o “Flor de Fogo” em versões de estúdio. “Não Chore” era uma das duas inéditas dessa leva. Escolhemos essa música porque ela fala sobre não desistir diante das dificuldades, sobre perseverar nos caminhos da vida que nos trazem vitória e amor no coração. É sobre entender os momentos de tristeza, mas não vê-los como o fim da linha.
O álbum traz versões de estúdio para músicas lançadas ao vivo. Qual a importância de apresentar essas canções nesse novo formato?
Zeider Pires: Como fã, eu sempre gostei quando um artista lançava um disco tipo “deluxe”, com versões ao vivo e de estúdio. Eu acho que isso é como um presente para os nossos fãs. Ter esse material com uma sonoridade diferente, com outros instrumentos, com as vozes gravadas no estúdio… é uma energia totalmente diferente. É uma oportunidade de multiplicar essa vibração, já que muita gente prefere as músicas gravadas em estúdio. É para alcançar o maior número de corações possível.
A banda está próxima de completar 30 anos. Como você avalia a evolução do reggae nacional nesse período?
Zeider Pires: O reggae batalhou muito para continuar se espalhando. É um ritmo que circula mais pelo underground do que pelo mainstream. Mas, nesses 30 anos, vemos o resultado de todo o amor e investimento de tempo, conhecimento e talento, não só do Planta & Raiz, mas de todas as bandas da minha geração. Vemos o Natiruts fazendo esse sucesso todo, o Maneva crescendo, o Ponto de Equilíbrio consolidado. E vemos as novas gerações levando o legado à frente. Esses 30 anos de luta não foram em vão. O reggae já faz parte do gosto do povo brasileiro e tende a crescer cada vez mais.
A nova turnê já está na estrada. Como o público tem recebido as novas músicas do “Flor de Fogo”?
Zeider Pires: Estamos com uma turnê na pista que é um resumo da nossa história, e já estamos inserindo as músicas do “Flor de Fogo”. O resultado é muito legal. No começo, a galera prestava mais atenção, e agora, depois de uns quatro meses, já vemos o público cantando as músicas novas por causa do álbum de Noronha. Tenho certeza de que, com as versões de estúdio, a galera vai dar o play na viagem, ouvir o discão várias vezes e vai ser demais.
Quais são os próximos passos do Planta & Raiz? O que os fãs podem esperar?
Zeider Pires: Nosso próximo passo é um projeto chamado “Tranquilize”. Serão músicas de artistas que gostamos demais e que fizeram parte da nossa vida, mas em versões do Planta & Raiz. A gente acredita que chegou a hora de fazer um disco de versões. Gravamos Cássia Eller, Chico Science & Nação Zumbi, Charlie Brown Jr., Legião Urbana… tem muita coisa legal que nos influenciou. A previsão de lançamento é para novembro deste ano.
Para finalizar, qual mensagem você deixa para os fãs?
Zeider Pires: Primeiramente, agradecer por estarem nos acompanhando, dando play nas nossas músicas, por serem o combustível do motor desse sonho que é o reggae. E é isso aí: cuidem uns dos outros, procurem ver a vida de forma positiva e pensar no caminho de uma forma que você não vai atrasar o lado de ninguém. O que a gente planta, a gente colhe. Valeu, galera, tamo juntão!