
Na manhã desta quinta-feira, 29 de maio, o cantor MC Poze do Rodo foi preso pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, em uma operação que apura seu suposto envolvimento com a facção criminosa Comando Vermelho (CV). De acordo com as autoridades, o artista teria realizado shows em comunidades controladas pela facção, sempre com a presença de indivíduos fortemente armados e apoio logístico de traficantes locais.
Além das apresentações, a investigação destaca que as letras das músicas de MC Poze fazem apologia ao tráfico de drogas e ao porte ilegal de armas de fogo, o que teria ultrapassado os limites da liberdade de expressão e configurado crime, segundo avaliação da Polícia.
O que dizem as músicas de MC Poze do Rodo, segundo a investigação
“Fala que é a tropa do Comando Vermelho”
A canção contém trechos que exaltam diretamente integrantes da facção Comando Vermelho, com frases como “Respeita o CV” e “só tem bandido brabo, só menor de guerra”. Além disso, a letra faz referência a rivalidades com outros grupos criminosos: “Nós é terror dos Terceiro, ADA e dos melec”.
“Na CDD só tem bandido faixa preta”
Nesta música, o cantor exalta criminosos da comunidade Cidade de Deus (CDD), na zona oeste do Rio de Janeiro, reforçando o domínio do tráfico na região. A letra faz menções diretas ao poder bélico da facção: “nós tem Glock, tem AK, 62 com mira laser”, destacando o uso de armas de grosso calibre.
“Homenagem para tropa do Rodo”
A música é descrita na investigação como uma espécie de tributo a traficantes mortos em confrontos armados. Ela também reforça o vínculo de Poze com integrantes do Comando Vermelho
“Talvez”
A canção faz referência direta à Chacina do Jacarezinho, ocorrida em 2021, que deixou 28 mortos durante uma operação policial. Na letra, Poze cita: “Mais de quinze morto pela chacina. Presente do dia da mãe é ter o filho morto pela esquina”, o que, segundo a polícia, seria uma crítica às ações da segurança pública, mas também uma forma de exaltar a resistência armada das comunidades.
Polícia aponta associação ao tráfico e apologia ao crime
De acordo com os investigadores, as músicas não apenas narram a realidade das comunidades, mas fazem clara apologia às organizações criminosas, além de estimular o uso de armas e o fortalecimento do tráfico de drogas. A Polícia Civil afirma que, embora a liberdade artística seja um direito garantido, no caso de MC Poze, as letras teriam ultrapassado os limites legais, caracterizando crimes como apologia ao crime e associação para o tráfico.