Televisão

‘A Força do Querer’ reconfirma o seu sucesso e mostra que foi a melhor opção para ser reexibida

Caio ( Rodrigo Lombardi ) vem apressado. Caio e Jeiza ( Paolla Oliveira ) se encaram, antipatizando um com o outro. Caio afastando Bibi ( Juliana Paes ). Jeiza sai
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Logo mais a noite nos despedimos pela segunda vez de “A Força do Querer”, que apesar de ser uma reprise recente, sai do ar com uma audiência razoável e a garantia de que a novela é uma das melhores e marcantes da Glória Perez e de que foi a melhor opção para ser reexibida.

A começar pela trama e pelo elenco, que em todos os aspectos, acabou mostrando um acerto. A ideia de reunir como protagonistas uma policial lutadora de UFC, uma mulher que acaba indo para o crime e uma garota praticamente oriunda do folclore brasileiro foi um grande êxito. Talvez olhando por alto, sem saber da história, poderíamos achar que isso não daria certo e seria mais um delírio da autora, já conhecida por isso. Mas não, na trama de 2017 funcionou, ainda mais na escalação de três atrizes fortes para os respectivos papéis.

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Falando das três citadas, a Bibi (Juliana Paes) da metade pro final roubou para si o protagonismo da trama. Mas também não foi por mal, o seu arco foi o que acabou ganhando mais destaque a cada capítulo e gerando repercussão na boca do povo. Juliana Paes fez da personagem, inspirada na história real da Fabiana Escobar, a “Baronesa do Pó”, uma das mais marcantes do horário das 21h na última década. Outra destaque que não pode deixar de ser citada é a Elizângela, a Aurora, mãe da Bibi. Na época da exibição, muitas mães se sentiram representadas no sofrimento da personagem em ver a filha indo para o caminho do tráfico, achando que é o sucesso. Esse inclusive é o lado humanista que merece ser ressaltado pela Glória Perez. Impossível, em qualquer novela dela, não haver um personagem no qual nos identificamos, seja por nós próprios ou por conhecidos. Em “A Força do Querer”, com certeza é a Aurora. Destaque também neste arco para o Jonathan Azevedo (Sabiá), Carla Diaz (Carine), Emílio Dantas (Rubinho) e até mesmo a Betty Faria (Elvira), que acaba fazendo amizade com Sabiá e rendem muitos momentos de risada.

Ainda deste núcleo, uma curiosidade: a incentivadora de fazer com que a Fabiana escrevesse um livro foi a própria Glória, uma vez que, queria adaptar a sua história para uma minissérie e, por questões de direitos autorais, não havia como a autora fazer isso diretamente do meio em que a baronesa publicava as suas histórias, que era em um blog pessoal. Com o tempo e a dificuldade de Silvio de Abreu em sua gestão, a adaptação acabou sendo na novela.

Indo para o elenco folclórico e da Zona Sul do Rio de Janeiro, a Isis Valverde soube fazer da Ritinha uma personagem que também fosse reconhecida pelo público. A prova disso podemos ver no BBB 21 com a Juliette, que se acha parecida com a sereia e com direito ao Fiuk falando em Ruy. Aliás, o ator que também está no reality, apesar de ter a sua atuação criticada, acabou caindo bem para história em sua repercussão. Quem não riu dos memes dele em 2017? Talvez se fosse com um outro ator, não ficaria essa diversão. Destaque também a Zezé Polessa, Marco Pigossi, Maria Fernanda Cândido e ao Dan Stubatch, que após alguns anos, voltaram as novelas em papéis com destaque.

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Sobre os temas sociais abordados, o da transexualidade pela Carol Duarte (Ivana/Ivan) com certeza foi o ponto mais alto. A explicação de forma didática feita pela autora para não chocar o público acabou contribuindo para o sucesso do núcleo. Todo arco em si foi bem explicado para que não acontecesse o mesmo que em “Babilônia”, no qual o público acabou rejeitando o beijo das personagens entre Fernanda Montenegro e Natália Timberg e fez com que a trama tivesse a pior audiência do horário das 21h.

Já a abordagem sobre o vício em jogo da Silvana (Lília Cabral) ficou a desejar na trama. A personagem não teve o seu devido o destaque e seu tratamento não houve. Apenas um final corrido assumindo que é viciada em jogatina após ver a sua filha Simone (Juliana Paiva) refém por conta de suas dívidas.

Aliás, o final da novela ficou muito a desejar por conta de resolver tudo em um capítulo que durou mais de duas horas, terminando por volta das 23h30. Os desfechos dos núcleos poderiam ser abordado melhores ao longo de sua última semana, mas mesmo assim, não atrapalhou o êxito da trama.

“A Força do Querer” sai do ar pela segunda vez em uma reprise precoce, por conta do adiamento dos capítulos inéditos de “Amor de Mãe” e pela escassez de sucessos na faixa das 21h em HD nos últimos 12 anos, uma vez que a Globo optou reprisar somente novelas com essa tecnologia, que foi a partir de “Duas Caras”. Seria melhor se trama voltasse daqui há mais três anos no “Vale a Pena Ver de Novo”, mas o contexto atual a pedia.

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Aliás, parando para analisar nesse caso, acabou sendo a melhor opção. Uma vez que a reprise anterior, “Fina Estampa”, era de autoria de Aguinaldo Silva, com isso já descarta “Duas Caras” e “Império”. No momento da estreia da novela, outro autor de sucesso da faixa, Walcyr Carrasco, já estava com outras duas novelas sendo reprisadas (“Eta Mundo Bom” e “Chocolate com Pimenta”), com isso descarta “Amor à Vida” e “O Outro Lado do Paraíso”, que apesar de ser recente, é uma das maiores audiências das nove na década passada, sendo superada apenas por “Avenida Brasil” e a trama de Griselda (Lília Cabral).

Só sobrariam “A Favorita”, “Salve Jorge” e a atual reprise. A novela de João Emanuel Carneiro tinha acabado de entrar no Globoplay e estava tendo muitos acessos por lá, e sua reprise às 21h, poderia prejudicar. Isso sem falar do cancelamento que a trama teria similar a de “Fina Estampa” por conta dos seus núcleos paralelos. O telespectador de hoje não ia tolerar vendo um personagem gay dizendo que foi curado e hoje é hetero, nem bissexual, como foi o caso do Orlandinho (Iran Malfitano) e nem menos uma mulher rindo do homem por não a ter conseguido estuprar e o chamando de brocha, como foi entre Dedina (Helena Rinaldi) e Leonardo (Jackson Antunes), que ainda agredia a sua mulher Catarina (Lilía Cabral) e, possivelmente, engravidou a sua própria filha Mariana (Clarice Falcão) em uma conversa que não ficou bem especificada no última capítulo, uma vez que a Globo vetou uma menção direta na época com medo de assustar o telespectador. Da novela de 2008, só se salva do cancelamento o núcleo principal da Flora (Patrícia Pillar) e Donatela (Cláudia Raia).

Já entre “Salve Jorge” e “A Força do Querer”, a atual reprise pesou mais já que teve uma boa repercussão da crítica e da audiência, diferente da trama da Morena (Nanda Costa), em que foi bastante criticada, teve uma audiência morna para os padrões da época.

Sua audiência acabou sendo razoável para uma reprise, fechando com média de 30 pontos e superando até mesmo novelas inéditas exibidas na faixa, como “Em Família”, “Babilônia”, “A Regra do Jogo”, “Velho Chico” e “A Lei do Amor”. Aliás, em sua exibição original, a novela também superou a audiência delas e ainda recuperou a faixa que vinha em baixa com os citados fracassos. A prova de seu sucesso pode ser constatado também em capítulo que lá em 2017 foi exibido às 22h30 e segurou 40 pontos de audiência até as 23h45, quando entregou para o “Jornal da Globo”. O motivo de começar tarde naquele dia se deve ao fato de antes ter tido jogo da Seleção Brasileiro.

Diga-se de passagem, a safra de novelas de 2017 conseguiu pra Globo uma façanha que não acontecia há anos: todas as novelas com êxitos de audiência, desde o “Vale a Pena Ver de Novo” com “Senhora do Destino”, passando por “Malhação – Viva a Diferença”, “Novo Mundo”, “Pega Pega” e chegando ao horário das 23h, naquele momento já denominado como supersérie, com “Os Dias Eram Assim”

Agora é só aguarda a reta final de “Amor de Mãe” e a reprise de “Império”, que assim como “Fina Estampa”, tem tudo pra ser cancelada pelo jovem do Twitter.

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