Televisão

Em seus 70 anos, a TV brasileira viu a sua força crescer em 2020

Continua após a publicidade..

Há 70 anos atrás se iniciava a transmissão de televisão no Brasil, através da TV Tupi. De lá até os dias atuais, muita coisa mudou, a TV ganhou novos concorrentes, se adaptou com as tecnologias, mas uma coisa é certa: a sua força em 2020 só aumentou.

Quem acompanha redes sociais, já teve ter visto um usuário alegando que a TV está morta e a internet é o futuro. Digo apenas o mesmo que o Rogerinho do Ingá do “Choque de Cultura” : “achou errado otário!”. Aliás, o programa que começou no canal do Omelete no Youtube é um exemplo disso. Mesmo com toda força e engajamento vindo da internet, o quarteto de comediantes conquistou um espaço nos domingos da Globo após um convite do Marcius Melhem em 2018, na época responsável pela núcleo de humor da emissora.

Apesar da sua estreia ter sido de surpresa comentando o filme da “Temperatura Máxima”, muitos ali acharam que o grupo perderia a graça, mas aconteceu o efeito contrário: se tornou mais conhecido e conquistou um público que ainda não o conheciam.

Continua após a publicidade..

Indo para a realidade de 2020, vimos a força que televisor tem na massa brasileira. Com o isolamento social, grande parte da população passou a acompanhar ainda mais TV aberta e streaming, enquanto a TV paga vem chegando em sua reta final. Na TV aberta, três grandes exemplos representam este aumento: “Big Brother Brasil 20” e as reprises de “Totalmente Demais” e “Eta Mundo Bom”.

O principal reality da Globo entrou para o Guiness Book como o reality show que mais recebeu votos no mundo: mais de um bilhão de votos no paredão entre Manu Gavassi, Mari Gonzalez e Felipe Prior, que acabou sendo eliminado. O reality que desde o seu início lá em 2002 sempre foi comentado na internet, viu em 2020 superar estes recordes e com um público mais atencioso ao que acontecia dentro da casa. Sem novelas inéditas, sem futebol e com espaços culturais fechados, o BBB se tornou o principal entretenimento da quarentena, com direito a um clima de Copa de Mundo nas eliminações e provas que aconteciam.

Em termo de audiência, o BBB 20 teve a maior média geral de cinco pontos a mais do que a edição ‘flopada’ do ano passado. Um fato importante a ser citado: durante a sua final, dois anunciantes chamaram a atenção: Amazon e Netflix. Se a TV aberta já morreu, como os dois grandes streamings anunciam nela? Fica a pergunta para algum youtuber para responder assim que falar que a TV aberta já morreu.

Thelma foi a campeã do BBB 20 – Foto: Reprodução/Globo

Chegando as novelas, dois grandes sucessos dessa eterna quarentena nos chamam atenção. Exibida entre o final de 2015 a meados de 2016, “Totalmente Demais” vem tendo mais audiência em sua reexibição do que quando passou pela primeira vez. A trama que tem Marina Ruy Barbosa como protagonista está com a média geral na casa dos 29 pontos, enquanto em sua primeira exibição obteve 27 pontos.

Continua após a publicidade..

Mas o que explicaria ao fato disso estar acontecendo? Além da temida quarentena, a novela escrita por Rosane Svartman e Paulo Halm estreou em uma época tenebrosa para a Globo. Naquele final de 2015, a emissora vinha perdendo em seu horário nobre para “Os Dez Mandamentos” da Record TV, novela no qual a trama de Elisa enfrentou em seu início indiretamente (nos estados com horário de verão) e diretamente (na Rede Fuso) por conta de seu horário de exibição. A trama só viu seus índices aumentarem em somente em seu segundo mês de exibição, em janeiro de 2016, e com impulsionado pela estreia de “Eta Mundo Bom”.

Aliás, a trama de Candinho (Sérgio Guizé) é outro destaque no ano em que a TV comemora 70 anos. Sua reprise no “Vale a Pena Ver de Novo” se tornou a maior audiência na faixa desde 2006, com 22 pontos e superando outros sucessos como “O Clone” (2011), “Senhora do Destino” (2009 e 2017), “O Rei do Gado” (2015), “Caminho das Índias” (2015), “Mulheres de Areia” (2011) e “Avenida Brasil” (2019).

Cena de “Totalmente Demais” – Foto: Divulgação/Globo

O “Jornal Nacional” fez jus ao título do principal telejornal do país e mostrou serviço em meio a pandemia do coronavírus. Não foram poucas as vezes que se viu alguém falando que não ia perder a edição do dia quando algo importante acontecia, como o dia em que o então Ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta foi demitido do cargo por não concordar com a cloroquina.

Advertisement
[smart_post_show id="61047"]

Além dele, os demais telejornais viraram essenciais e despertaram atenção do público, até mesmo o “Jornal da Record” com o seu jornalismo chapa-branca e a favor do governo.

Os seus 70 anos não serão comemorados da forma como deveria. Não haverá grandes festas nem festivais que relembrem aos clássicos da Tupi e Record, mas deverá ser celebrado com a força que ainda há na massa brasileira.

O Brasil é um dos países que tem a TV como protagonista de sua história desde o início das transmissões. Seu alcance é de quase todo o território nacional graças ao sinal via satélite. A internet pode ter colaborado em sua atividade, programas são medidos de acordo com o engajamento em redes sociais e até influencers vem sendo pagos para comentarem sobre.

Aliás, este é outro ponto que merece ser destacado: a influência da internet em alguns momentos não reflete com a TV. Quem acompanhou a última edição de “O Aprendiz” na Band no Twitter percebeu que o programa era um dos assuntos mais comentados da plataforma, mas em audiência chegava a dar 0 pontos, ou seja, os influencers pagos não valeram de nada. Indo para Globo, outro programa que pode ser citado sobre é o “Amor & Sexo”, apresentado pela Fernanda Lima.

Por mais que o programa fosse também um dos assuntos mais comentados do Twitter por conta de suas pautas focadas na diversidade, em audiência deixava a emissora em terceiro lugar, perdendo para “A Fazenda” e os filmes exibidos à exaustão no SBT.

Apesar da sua força hoje, o futuro da TV é preocupante. Algumas casas já até nem possuem mais um aparelho de televisor ou uma antena para ao menos ter sinal de TV aberta. A TV paga, que viveu seu auge no início da década de 2010, está caminhando para a sua reta final, sendo no Brasil sustentada pelos canais da Globosat, cujo o líder de audiência é o Viva com as reprises da TV Globo.

O streaming se mostrou forte e um investimento para as emissoras. A Globo vê em seu Globoplay uma plataforma local para competir a altura com a Netflix. Em contrapartida, a gigante do streaming querem que as produções nacionais se espelhem no “Padrão Globo de Qualidade”, conforme a matéria feita pelo Na Telinha. Outros streamings ainda virão para agitar este mercado, como o Disney+ e o HBO Max (da Warner).

Ele consegue conquistar este público que não tem televisor em casa e outro que vem chamando atenção nesse aniversário: o infantil. Em entrevista recente ao “Roda Viva”, o Boni citou que foi um erro a Globo ter desistido de apostar no mercado infantil, pois na visão dele a criança de hoje seria um futuro telespectador dos demais horários da emissora.

Desde meados dos anos 2000, com o advento da TV a cabo, a criança já vinha buscando outros meios para assistir além da TV aberta. Na década passada, com o fim diário da “TV Globinho”, ficou nítido que a produção infantil já não renderia mais, ficando restrito entre as grandes emissoras ao SBT. A emissora de Silvio Santos aposta no “Bom Dia e Cia.”, que com o passar dos anos vem perdendo espaço na grade nacional, já que é um espaço aberto as afiliadas inserirem a sua programação local, e as novelas intermináveis no qual aposta desde 2012 com “Carrossel”.

Porém, a criança de hoje já nasce para o Youtube e streaming, algumas até ficam surpresas quando assistem algo na TV paga e se deparam com um intervalo comercial. Se este público no futuro assistirá TV aberta nós não saberemos a resposta exata, mas creio que a tradição da novela, o imediatismo do jornal e programas de auditório ao vivo e as transmissões esportivas despertarão atenção deste público.

Advertisement
Advertisement

More in:Televisão