Neguinho, vadio, vagabundo
Sou muito mais que isso
Posso ser o que quiser
Talento, pé descalço, corre mundo
Todos que me excomungaram
Tem que aplaudir de pé
No meu barraco, luxo é ter educação
Saúde, boa prosa, um prato de feijão
Progresso é feito pelos meus iguais
Você sabe quem é quem quando vem os temporais
Logo eu, de viola em bandoleira
Entre tantas saideiras
Com o meu sorriso aberto
Logo eu, filho da simplicidade
Faço da comunidade o paraíso certo
Caneta e papel, um sonho revel
Não ser mais um problema social, meu irmão
Pra ganhar o pão, compus meu destino
Nos versos do reverso mundo cão
Iluminados pela lua de Ogum
Nós somos muitos, mas não somos “qualquer um”
No esperançar do menestrel
Vai meu desejo febril
Sou eu mais um Guará desse Brasil
O amor venceu pelos Guarás desse Brasil
Escrevendo à luz de velas, operário da canção
Construindo a poesia que edifica o coração
É o povo no poder com orgulho de falar:
Maricá é meu país! Meu país é Maricá!